Soberania de Deus e Responsabilidade Humana.

05-11-2010 01:52

 

Soberania de Deus e Responsabilidade Humana -

 Introdução

 

Qual a responsabilidade do homem, uma vez que toda a iniciativa é do próprio Deus?

 

Não há nada de novo. Desde o início dos tempos Deus sempre chamou o homem com propósitos bem definidos. Da mesma forma que Ele escolhe e salva soberanamente, soberanamente Ele atribui responsabilidades e as cobra.

 

Na verdade, esse princípio é desde Gêneses.

 

Deus criou o homem com propósitos bem definidos. Gn 1.27-28 “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra”.

 

Por que seria diferente agora?

 

Por que prosseguiria Deus em sua eleição e salvação sem um propósito bem definido?

 

E se assim fosse, quando os eleitos alcançassem a salvação no tempo presente de sua história, partiriam imediatamente para a glória prometida... Pois sabemos, segundo Efésios, que a salvação acontece em três tempos: antes da fundação do mundo; no tempo presente; e no tempo futuro (1.4; 13; 14).

 

4 “Assim como nos escolheu, n’Ele, antes das fundação do mundo”...

 

13 “Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo n’Ele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa”;

 

14 “O qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória”.

De Gêneses em diante observamos a constância do modo de agir de Deus.

 

Após o pecado elege Abraão, e mais uma vez com propósitos bem definidos. Gn 12.3b “Em ti serão benditas todas as famílias da terra”. E através dele, um povo com o propósito de que O tornasse conhecido entre todos os povos e nações da terra.

 

Novo testamento:  Desde o sermão do monte, em Mateus, Jesus já expõe claramente esse princípio de Deus. Uma progressão espiritual, que vai desde a rendição diante de Deus, até a responsabilidade atribuída por Deus.

 

A 1ª metade: Intervenção divina

 

Temos de ser humildes de espírito, reconhecendo nossa falência espiritual diante de Deus;

 

1.  Diante de tal reconhecimento devemos “chorar” por causa desse nosso estado de falência espiritual e dos outros;

2.  E então devemos ser “mansos” (suavidades dos fortes), isto é, permitindo que nossa pobreza espiritual, confessada e chorada, condicione nosso comportamento em relação a Deus. Oferecer nossos direitos a Deus; por isso quando lemos em Filipenses 4.5 “Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens...” A melhor tradução seria: seja a vossa mansidão conhecida entre todos os homens. Pois significa tornar conhecido de todos os homens o nosso relacionamento com Deus, nossa conduta pura de um servo do Senhor, que com gentileza, amabilidade, e tolerância, é capaz de submeter-se as injustiças, desgraças e maus tratos, sem ódio ou maldade, confiando em Deus a despeito de tudo.

3.  E por último, ter “fome” e “sede” de justiça, de que tudo isso seja mudado pelo poder e misericórdia de Deus.

·         Fome: Espiritual - Viver de forma correta com Deus (justificados).

·          Moral - Conduta que agrada a Deus

·          Social – Práticas de boas obras.

 

Quem mais poderia nos conscientizar de nossa miséria espiritual, nos levar a chorar por isso, conduzindo-nos à mansidão (que é a entrega de nossos direitos a Deus, nossa vida...), produzindo, assim, fome e sede de justiça espiritual, moral, e social, senão o próprio Deus.

 

Por isso, é incontestável que a primeira parte do sermão do monte, que é para crentes e não para ímpios, se trata da intervenção soberana e única de Deus.

 

O princípio é sempre este: primeiro Deus intervém, depois, Ele atribui responsabilidades.

 

A 2ª metade: Responsabilidade humana

 

Nos “afastamos” de nossa atitude para com Deus e nos voltamos para os seres humanos.

 

4.  Misericórdia para com os homens;

 

5.  Pacificadores, reconciliando homens com Deus e homens com homens através da pregação do evangelho;

 

6.  Pureza de coração, diz respeito à nossa atitude e ao nosso relacionamento com os demais seres humanos;

 

7.  Perseguidos por homens.

8.  Sal da terra.

 

9.  Luz do mundo.

Ou seja, uma progressão espiritual proporcionada por Deus com um propósito bem definido, que é: exercermos influência dentro e fora da igreja.

 

Avançando

 Na carta aos Efésios Deus deixa bastante claro, através do apóstolo Paulo, seu propósito bem definido para os seus eleitos.

 Ef 1.4 “Assim como nos escolheu, n’Ele, antes das fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele; e em amor”.

Ef 1.12 “A fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo”.

 Portanto, como ser um eleito sem ter o desejo ardente de ser santo, irrepreensível, e para o louvor de Sua glória... Temos a responsabilidade de manifestar a unidade (um só povo) e a pureza de Deus.

 

2Co 5.18-20a “Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, A saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação, de sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio”.

 

Deus não apenas predestinou soberanamente seus eleitos, como também soberanamente os responsabilizou pelo resgate dos eleitos que ainda estão vivendo como perdidos.

Deus estabeleceu que seus eleitos fossem resgatados pela pregação da sua palavra. E a responsabilidade é dos que já foram resgatados, através de suas vidas santas, irrepreensivas, e da pregação.

 

1Co 1.21b “Aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação”.

Rm 10.13; 14; 15a; 17 “Porque: todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, senão há quem pregue? E como pregarão se não forem enviados? E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo”.

 

O próprio apóstolo Paulo, propagador e defensor da doutrina da predestinação, entendia e vivia a responsabilidade, a qualquer preço, de pregar o evangelho a fim de alcançar os eleitos ainda não resgatados.

 

2Tm 2.10 “Por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna glória”.

 

Finalizando

 Jo 21.18.22 (Traçar um paralelo).

 

“...Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-me”.

 Não devemos especular quem é eleito ou não.

 É como se Jesus nos dissesse: “se Eu vou salvar ou não, que te importa? Quanto a ti, prega a palavra”.

 Cumpre a tua responsabilidade que Eu soberanamente te atribui e te cobrarei...

 

Missª Néria Regina

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